Histórico

(English version below)

INTRO

Fanfarra é um formato de banda musical composto predominantemente por instrumentos de sopro , acompanhados de percussão. É um formato que existe desde muito antes de existir energia elétrica ( Tv, Radio , toca discos, amplificadores, guitarras, microfones…) ,em uma época que tudo era feito “ao vivo”, era no planeta o meio mais forte de alcançar a maior multidão : as fanfarras. Sendo as fanfarras compostas pelos instrumentos que tocam mais alto de todos (trompetes, trombones, tubas, sax,…) e uma formação de grupo grande, as fanfarras podiam tocar para centenas até milhares de pessoas, as vezes toda uma cidade.Desta forma, elas podiam popularizar uma música, educar musicalmente ou ritualizar a cultura… O fato é que a fanfarra torna-se uma hipótese de uma das percursoras da comunicação de massa no planeta.

Desde o início ligado especialmente a fazer shows nas ruas, a rua de todos os povos, as fanfarras tocavam em cada país e região, os (“rítmos”) gêneros musicais locais , mas também internacionais. Cada região, país, cultura tinha suas fanfarras que tocavam generos musicais próprios de suas regiões e alguns rítmos, ou gêneros internacionais, como a polca, a valsa, o foxtrot…
No Brasil, as fanfarras tinham como os gêneros mais populares originais nosso: os dobrados (gênero principal das fanfarras, também influenciado por lundu e maxixe, além claro, da marcha) , mas também tocava-se os gêneros internacionais.
A história dos coretos está ligada a fanfarra, vez que eram em geral construídos para abrigar as apresentações das fanfarras (também conhecido como simplesmente “bandas de música”).

Tudo isto muitas décadas antes de existir o rock, a bossa, o funk , o jazz, o samba,… e 150 anos depois no Rio de Janeiro surge o movimento NEOFANFARRISMO que resgata o formato sopro e percussão para tocar os mais diversos gêneros musicais atuais ou não. Porém, este movimento não tem as fanfarras tradicionais como “pais” (e sim seus “avôs”) ,na verdade tem descendência dos blocos da marchinhas do carnaval carioca.

SURGIMENTO DO CARNAVAL BRASILEIRO : marchinhas e frevos

A origem do carnaval brasileiro, autêntico como conhecemos, acontece com o surgimento das marchinhas e frevos -e seus berços e escola maior, são Rio de Janeiro (marchinhas) e Recife (frevo). Usando os mesmos instrumentos dos dobrados das fanfarras (sopro e percussão), o formato Bloco de carnaval levam as marchinhas e frevos pelas ruas , em cortejos com cores e fantasias por todo o país e consagrando o carnaval brasileiro como sua maior festa nacional!

A RESISTÊNCIA DOS NAIPES NAS RUAS

Os blocos de marchinhas que embalaram os carnavais brasileiros durante quase um século entraram em extinção a partir dos anos 80 na maior parte do país , e só não dá para perceber este fenômeno aqui no Rio de Janeiro, berço do gênero, onde elas existem e de forma ainda forte. Não ao acaso, um movimento de resistência e revalorização das marchinhas começou a se dar aqui no Rio de Janeiro na última década com blocos de carnaval como o Céu na Terra, Boitatá, Boitolo, Se melhorar afunda, os tradicionais Bafo da Onça, Cacique de Ramos, Banda de Ipanema e tantos outros, além do mais clássico dos blocos de marchinha, o centenário Cordão do Bola Preta, arrastam milhares de pessoas, coloridas e fantasiadas pelas ruas. O verdadeiro carnaval de rua, a “carnavalização” (de Baktin) e seus públicos só cresceram e de forma surpreendente nos últimos carnavais.

RUAS PARA O ANO INTEIRO

Músicos que por anos tocavam juntos no Céu na Terra, Boitatá, Boitolo, Se melhorar afunda, Songoro Cosongo resolveram, a partir de 2008, utilizar estes mesmos instrumentos de sopro e percussão para tocar o ano todo os mais diversos gêneros atuais ou não, nacionais ou não, e surgem as primeiras fanfarras deste movimento: Orquestra Voadora , Fanfarrada , Go East Orkestar e Os Siderais. Cada uma com suas características, e onde realizavam suas aparições causavam muita surpresa e burburim, com suas contagiantes e vigorosas apresentações, fossem nas ruas (suas origens) ou em palcos.

Após o que foi chamado por alguns de “Verão bones”, naquele ano de 2012, estas fanfarras ( já com trabalho consolidado, público e histórico de shows bastante consistentes) viajaram para outros países: Orquestra Voadora para França, Portugal, Inglaterra, Espanha e Bélgica ; Os Siderais para França e Escócia; E a Go East para a Sérvia. E em quanto isso no Rio, uma 2a leva de fanfarras começava a despontar e cada vez mais também ganhar os corações dos mais diversos públicos: Sinfônica Ambulante (de Niterói) , Cine Bloco , a Fanfarra Cantagalo , a Monte Alegre Hot Jazz band (de estilo dixieland). E nos anos seguintes vieram seguidas também por Damas de Ferro,Fanfarra Black Clube, Ataque Brasil , Zambalo. Um movimento cada vez mais integrado pelas ruas, pelas amizades, pelas batalhas de fanfarras e intercâmbios entre elas se solidifica e cresce a cada ano. A influência das fanfarras deste movimento atinge outros estados e surge também em São Paulo a fanfarra do M.A.L e em Porto Alegre a Bate & Sopra.

A preocupação e participação em ações sociais e ecológicas se torna presente desde o início para grande parte do movimento. Um conceito de fanfarra é reconfigurado, e o velho conceito de “fanfarrão”, pejorativo de quem não se preocupa, nem se responsabiliza por nada, é colocado em xeque pela atividade antropofágica do movimento do Neofanfarrismo.

NEOFANFARRISMO MUNDIAL

O intercâmbio com outras fanfarras internacionais atuais também é grande sejam as “fanfares” francesas, ou “brassbands” norte-americanas, fanfarras do Chile, de Portugal,…diversas tocaram e trocaram com as bandas do movimento carioca, desde as que vieram ao Rio, como Globe Notes, Octopus Brassband , Vilains Chicots, entre outras excelentes francesas, a chilena Rim Bam Bum, até as parceiras de viagem no exterior, as incríveis fanfarras do Honk (EUA) : Environmental Encroachment , Second Line S.A.P.S. , Emperor Norton , Hungry March Band , Rude Mechanical Orchestra, What Cheer Brigade… Muitas parcerias, conexões internacionais, generosidade e amizade se desenvolveram ao longo do tempo, e em 2015 se prepara para acontecer o festival internacional no Rio em que o neofanfarrismo se encontra com o Honk, em agosto: o HONK RIO.

Soam as trombetas cósmicas, as fanfarras invadem o planeta!

 

—————————— ENGLISH VERSION———————————

INTRO

“Fanfarra” or “brassband” is a type of band comprised predominantly of wind instruments and percussive accompaniment.  It is a format that existed long before electricity (and thus TVs, radios, tape players, amplifiers, electric guitars, microfones, etc.) but could nonetheless reach multitudes with its live performances.  In a time when everything was done live, fanfarras were the most powerful means on the planet for reaching great multitudes.  Since a fanfarra was typically home to the loudest of all instruments (trumpets, trombones, tubas, saxophones, etc.) and took the form of a large group, they could play for hundreds, even thousands – sometimes even the entire city.  In this way, they could popularize songs, provide musical education, and add ritual to culture.  The fanfarra is even posited by some as the original precursor of mass communication on the planet.

From the times of their origins, fanfarras have played in every country and region of the world, primarily in the streets, as that is the meeting place of the people worldwide.  They played in the style of the local genres while also expanding their repertoires internationally, for instance, into the realm of polka, valsa, or foxtrot.

In Brazil, the genre most favored by the fanfarras was dobrados, which was influenced in turn by lundu, maixixe, and, of course, marcha.  They also played a variety of international genres.

The history of gazebos is connected to fanfarras insofar as they were constructed to house the performances of the fanfarras (known more simply at the time as “music bands”).

All of this occurred many decades before the existence of rock, bossa nova, funk, jazz, and samba.  And now, 150 years later, the NEOFANFARRISMO movement has arisen in Rio de Janeiro, rescuing the wind and percussion instrument format and performing selections from the most diverse genres out there, be they current or otherwise.  However, this movement doesn’t trace its roots to traditional fanfarras.  Instead, it descends from the marchina blocos of Carnaval in Rio.

THE RISE OF BRAZILIAN CARNAVAL: marchinas and frevos

The origins of Brazilian Carnaval, as best as can be determined, are intertwined with the rise of marchinas and frevos.  The birthplaces and cultural centers of these two types of songs are Rio de Janeiro (marchinas, mostly) and Recife (for frevo).  Using the same curved wind instruments (as well as percussion), the Carnaval bloco format brought the marchinas and frevos to streets across the country in parades with colors and costumes, enshrining Carnaval as the biggest party in the country!

RESISTANCE TO UNIFORMS IN THE STREETS

The marchinha blocos that sustained the Brazilian Carnavals for almost a century went extinct in the 1980s in most of the country.  Only in Rio, the birthplace of this genre, were they able to avoid this fate.  They remain strong today.  It was no coincidence that a movement of resistance and revalorization of the marchinas began here in Rio de Janeiro in the last decade, with blocos such as Céu na Terra, Boitatá, Boitolo, Se melhorar afunda, the traditional Bafo da Onça, Cacique de Ramos, Banda de Ipanema, and many others, including the most classic marchina bloco, the centenarian Cordão do Bola Preta, which brought thousands of costumed people to the streets.  The true street Carnaval, the notion of “Carnavalization” (following Baktin), and its participating public have only begun to really take off in the last few Carnavals.

IN THE STREETS ALL YEAR ROUND

Musicians that played together for years in Céu na Terra, Boitatá, Boitolo, Se melhorar afunda, and Songoro Cosongo decided in 2008 to utilize these same wind and percussion instruments to play the whole year round.  They would play a diversity of contemporary and historical genres from Brazil and beyond.  From this musical melting pot arose the first fanfarras of the movement:  Orquestra Voadora, Fanfarrada, Go East Orkestar, and Os Siderais.  Each one had its own unique characteristics, and wherever they popped up, they caused great surprise and hubbub with their catchy and energetic performances, be they on stage or in the streets (i.e., their original context).

After what was called by some the “Summer of the ‘Bones” in the year 2012, these fanfarras (who had already obtained public funding and were performing consistently) traveled to other countries.  Orquestra Voadora to France, Portugal, England, Spain, and Belgium.  Os Siderais to France and Scotland. And Go East to Serbia.  While this was happening around the globe, a second wave of fanfarras began to take shape in Rio, winning over more and more diverse audiences with every show: Sinfônica Ambulante (from Niterói), Cine Bloco, Fanfarra Cantagalo, and the Monte Alegre Hot Jazz band (in the style of Dixieland).  In the following years came even more:  Damas de Ferro, Fanfarra Black Clube, Ataque Brasil, and Zambalo.  It was a movement whose bonds were perpetually strengthened by the streets, by friendships, by “fanfarra battles,” and by everything that they all shared with each other.  It got bigger and more solid with every year that passed.

The concern about and participation in social and ecological actions was present from the beginning for a large part of the movement.  The notion of the fanfarra was reconfigured, until the old concept of “fanfarrão” (a derivative, pejorative term that refers to someone who doesn’t care about anything and takes no responsibility for anything) was laid to waste by the cannibalistic activity of the Neofanfarrismo movement.

NEOFANFARRISMO WORLDWIDE

The international exchange with other modern fanfarras is also booming, be they French “fanfares,” North American “brass bands,” Chilean fanfarras, Portuguese fanfarras, or others.  A variety of bands have played and swapped notes with bands from the Rio movement, such as Globe Notes, Octopus Brassband, Vilains Chicots (among other excellent French bands), the Chilean Rim Bam Bum.  Some of this exchange has also taken place when Rio fanfarras go abroad to meet other bands in their homes, such as the incredible fanfarras of HONK! (U.S.): Environmental Encroachment, Second Line S.A.P.S., Emperor Norton’s Stationary Marching Band, Hungry March Band, Rude Mechanical Orchestra, What Cheer! Brigade, and many others.  Many partnerships, international connections, and flowerings of generosity and friendship have developed over time.  Now, in 2015, we are preparing to host the international festival in which Neofanfarrismo will finally meet HONK!:  HONK! RIO

Sound the cosmic trumpets!  The fanfarras are invading the planet!

 

Um comentário sobre “Histórico

Deixe um comentário